PM vai pagar mais do que o dobro do valor de mercado em alimentos para o rancho.
A crise econômica atingiu em cheio o estado do Rio este ano. Entretanto, a Polícia Militar não parece preocupada em poupar verbas de seu já tão apertado orçamento.
Levantamento feito pelo EXTRA mostra que a a corporação vai pagar, em alguns alimentos, mais do que o dobro do preço dos mesmos produtos vendidos no atacado. A comida vai abastecer os ranchos de 47 unidades, entre elas todos os batalhões do estado.
A pesquisa foi feita com base nas informações sobre contratos firmados com três empresas - Comercial Milano Brasil , Ermar Alimentos e Fica Bem Alimentos - publicadas no boletim da PM de segunda-feira. Os contratos somam R$ 17.694.618,97 e são anuais.
As companhias foram escolhidas por Ata de Registro de Preços, no dia 10 do mês passado, em pregão eletrônico. Um dos valores que mais chama atenção é o de 30 dúzias de ovos.
A PM pagará à Milano R$ 201,70 por pacote. Com o valor, seria possível comprar dois pacotes na Central de Abastecimento do Estado (Ceasa), onde o produto custa R$ 95. A empresa ganhou o lote de ovos e laticínios.
Já a Fica Bem ganhou três lotes. Por um pacote de macarrão, por exemplo, a polícia pagará R$ 6,24 à empresa. O produto custa R$ 2,75 no Mega Box. A Ermar vai fornecer aves. Por um quilo de coxa e sobrecoxa de frango congelada, a companhia vai ganhar R$ 6,10. No Makro, a mercadoria é vendida a R$ 4,75.
Um dos sócios da Ermar, José Fernando Guedes Moura explicou que o preço mais alto do que o do mercado abrange os custos da empresa com a entrega dos alimentos, além do fato de o pagamento não ser feito pela PM imediatamente.
- Temos toda uma logística de transporte, pois temos que entregar duas vezes por semana em todos os batalhões do estado. Além disso, não recebemos o dinheiro da polícia na hora, então se eles atrasam, nós que precisamos arcar com as despesas de juros bancários - explica.
A Milano, por sua assessoria de imprensa, informou que “a empresa tem que considerar todas as variáveis para oferecer o mesmo preço por 12 meses, sem reajuste, e manter a qualidade dos produtos e serviços durante toda a vigência do contrato. “
“Como ocorre em licitações dessa natureza e porte, a empresa tem que considerar todas as variáveis para oferecer o mesmo preço por 12 meses, sem reajuste, e manter a qualidade dos produtos e serviços durante toda a vigência do contrato.
Além do produto propriamente dito, estão inclusas muitas outras variáveis, tais como: despesas com operação logística, custos operacionais, despesas financeiras e impostos. Cabe ressaltar que o pagamento, não raro, sofre atraso de mais de 06 meses.
Ressalta-se que os valores de referência citados para produtos do Ceasa e Assaí não retratam as condições contratuais da Policia Militar. Os preços mencionados são para venda no atacado e pagamento à vista, não estando inclusas as despesas financeiras, operacionais e logísticas. ”, acrescentou a empresa.
A Milano e um dos seus donos responde a processo na por improbidade administrativa. A acusação é de que a empresa vendia lanches superfaturados para abrigos da prefeitura quando Rodrigo Bethlem era secretário de Assistência Social.
A assessoria disse que a empresa ainda não foi citada pela Justiça.
Os representantes da Fica Bem não retornaram à ligação do EXTRA.
A PM informou apenas segundo a Diretoria de Logística, foi realizado processo para registro de preços e que segue a lei 8666/90.
Postado por: Fernando Almeida