Policial Civil que agrediu família em Biguaçu/SC tenta cometer suicídio após ser afastado da função.
Policial civil Fabio Carminatti da Silva, que cometeu as agressões com o colega Isaias de Oliveira da Silva, deu entrada no Hospital Regional de São José após os dois serem afastados do trabalho.
O policial civil Fabio Carminatti da Silva tentou cometer suicídio nesta terça-feira (8), tendo sido encaminhado ao Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, para receber atendimento médico. O estado de saúde dele é estável. Carminatti e o colega Isaias de Oliveira da Silva são alvo de sindicância na Corregedoria da Polícia Civil de Santa Catarina após agredirem uma família no sábado (5), em Biguaçu. Os dois tiveram suas identificações e armas recolhidas e estão afastados do trabalho com o público por até 60 dias para a conclusão da sindicância.
Os policiais e a família ainda foram ouvidos pelo delegado Alan Amorim, da Polícia Civil de Biguaçu. Segundo ele, o inquérito deve ser concluído nesta semana. O delegado, no entanto, não quis confirmar se solicitou um pedido de prisão à Justiça contra os policiais. “Não posso passar os detalhes do meu trabalho sobre esse caso, mas as vítimas e os policiais foram ouvidos e o inquérito está sendo concluído ainda nesta semana”, informou Amorim.
Policiais civis Fabio Carminatti da Silva e Isaias de Oliveira da Silva invadiram empresa e casa de família e cometeram agressões e ameaças - RICTV/Reprodução.
Apesar de afastados do cargo, os policiais continuarão recebendo remuneração até o fim do processo administrativo da Polícia Civil. De acordo com a corregedora da Polícia Civil, delegada Sandra Mara Pereira, com a conclusão da sindicância eles podem ser demitidos e ficar impedidos de ingressar no serviço público por dez anos, além de responderem paralelamente a um processo criminal.
Entre os crimes que serão investigados estão invasão de domicílio, ameaça, lesão corporal e disparo de arma de fogo. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o delegado-geral Artur Nitz não irá se manifestar sobre o caso.
Toda a ação foi filmada por câmeras de segurança espalhadas pelo terreno da família Simones.
Nesta terça-feira (8), vítimas e policiais prestaram depoimento na delegacia de Biguaçu.
Ainda traumatizada pelo ocorrido, a família tenta retomar a rotina, na espera por justiça. “Não vou falar mal da polícia, porque conheço o trabalho deles. Mas é uma vergonha chamar esse tipo de gente de polícia. Esperamos que a Justiça esteja com a gente”, disse Jairo Simones, 52 anos, dono da empresa de guincho onde ocorreu a confusão.
“Não tinha diálogo, só pancadaria”
As agressões começaram por volta das 20h40, quando os policiais civis, em horário de folga, estacionaram o carro sem identificação na calçada da empresa de guincho da família que foi agredida. A dupla começou a urinar em frente ao portão, sob protesto do dono do guincho, Jairo Simones, e dos familiares e funcionários.
“Eu chamei a atenção deles e eles deram um tiro no portão, pularam e vieram para cima da gente. Não tinha conversa, não tinha diálogo, só pancadaria”, contou Jairo. Entre tiros, socos e ameaças, um dos policiais disparou no pé de Gabriel, 19 anos, filho mais novo de Jairo, quebrando dois ossos.
Assim que os policiais pularam o portão, a família se trancou no escritório, sem entender o que estava acontecendo. Os policiais arrombaram a porta e alguns membros da família saíram do local e tentaram chamar a polícia. No início da confusão, além de Jairo, estavam no local sua mulher, o filho mais velho, a nora e dois funcionários.
A princípio, eles pensaram que era um assalto e ofereceram à dupla para levar o que quisessem. “Foi aí que eles começaram a gritar que eram policiais, da Deic, da Civil, e começaram a espancar”, relatou Jairo. Os dois policiais trabalham em São José. Fabio Carminatti da Silva está lotado na 1ª DP e Isaias de Oliveira da Silva na DIC (Diretoria de Investigação Criminal).
No pátio, os policiais continuaram as agressões. Nesse momento, chegou ao local Gabriel, filho mais novo de Jairo, que empurrou um dos policiais ao tentar defender o irmão, e levou um tiro no pé. Assim que a ambulância da Autopista Litoral Sul chegou ao local, os policiais fugiram com o Renault Duster, onde tinha uma terceira pessoa.
Advogado de defesa diz que policiais reagiram a tiros
Segundo o advogado dos dois policiais, Handerson Laerte Martins, os agentes pararam para urinar próximo ao terreno da família, quando foram surpreendidos por disparos vindos de dentro da empresa. “Os tiros foram disparados de dentro pra fora”, disse. Nenhuma arma foi encontrada no local, mas o advogado pediu diligências para avaliar a balística das cápsulas encontradas no terreno.
“Vamos provar que as vítimas não são simples vítimas, eles têm passagens. Houve disparo por arma de fogo por parte deles. Foi por isso que os policiais reagiram e tentaram prendê-los em flagrante”, completou o advogado.
“Foram feitas lesões corporais em nossos clientes também, a versão não está ainda esclarecida. Estão distorcendo os fatos. Acredito que em um futuro próximo o inquérito esteja finalizado”, continuou Martins, ao afirmar que o afastamento dos policiais foi precipitado.
“Não vejo fundamento para afastá-los”. Sobre o estado de saúde de Carminatti, ele informou que é estável e que o cliente está abalado com a repercussão do caso.
Postado por: Fernando Almeida