O FALSO CORONEL: Como um homem sem formação militar enganou toda a segurança pública no Rio de Janeiro e o governo.
O caso é de 2010 mas merece ser relembrado. E o mais hilário dessa história é que o cara, sem nunca ter feito um dia de academia militar e sem preparo algum, foi mais oficial e comandante do que muitos coronéis de verdade! Carlos Sampaio não só inventou técnicas, coordenou operações e criou estratégias, como conseguiu enganar todo mundo direitinho, fazendo parecer que ele era o melhor no que fazia. Enquanto isso, tem oficial legítimo que mal sabe o que está fazendo, só marcando presença e recebendo salário para basicamente... nada! Isso mostra que tem muita gente de farda só "enchendo linguiça", enquanto o povo paga por um serviço que nem sempre é entregue. Que nos perdoem os bons Oficias é claro, não estamos de forma alguma generalizando.
Mas vamos a esta história fantástica e muito engraçada por sinal.
Carlos da Cruz Sampaio Júnior, que alcançou o posto de coordenador de uma subsecretaria de Segurança no Rio, revelou como conseguiu enganar diversas autoridades. Sem nunca ter cursado a academia militar, ele chegou a comandar operações e participou diretamente da estrutura organizacional da segurança pública.
Desde pequeno, Sampaio tinha o desejo de ingressar no Exército, mas após falhar nos testes da academia, seguiu por outros caminhos. Em vez de desistir, acabou criando um disfarce que lhe permitiu atuar como se fosse coronel. Ele enganou a Polícia Militar, a Civil e até mesmo a Secretaria de Segurança.
Após passar três meses no cargo, ele foi desmascarado pelo então secretário José Mariano Beltrame, sendo preso em outubro de 2010.
O início da fraude
Abandonando a faculdade de direito, Sampaio começou sua trajetória profissional no Zoológico do Rio, onde teve seu primeiro contato com esquemas de segurança. Foi responsável por redesenhar o plano de segurança do zoológico, destacando-se ao ponto de ser convidado, em 1998, para integrar uma empresa de segurança. Desde então, ele transitou entre diferentes áreas, como esportes de aventura e limpeza predial, até chegar à Secretaria de Segurança, onde assumiu um cargo administrativo.
Sempre interessado por segurança pública, Sampaio estudou livros e manuais de diversos países, inclusive em russo, língua que afirma ter aprendido sozinho pela internet. Três anos depois, criou seu próprio projeto de controle de indicadores criminais, mas sua ideia não despertou o interesse da Secretaria.
Com a mudança de governo, Sampaio deixou o cargo, mas não abandonou seu desejo de aplicar suas ideias. Retornou em 2009, já sob a falsa patente de major, e apresentou seu projeto ao 6º BPM (Tijuca), trocando o título de major por tenente-coronel após três meses. A cada nova promoção, ganhava mais respeito e atenção, até que passou a ministrar palestras e coordenar operações nas ruas.
A ascensão e a queda
A fama de Sampaio cresceu, e ele chegou a ser chamado para trabalhar diretamente na Secretaria de Segurança. Com um currículo repleto de falsidades, que incluía um suposto curso na Academia Militar das Agulhas Negras e a participação na guarda presidencial, ele convenceu todos de sua credibilidade.
Sua carteira militar, falsificada com maestria no Photoshop, possuía diversos erros, como a data de validade até 2031 e o cargo incorretamente grafado como "tenente coronel" sem hífen. Apesar dos erros grotescos, ninguém notou a fraude por um bom tempo. Ele nem sequer foi obrigado a apresentar a documentação completa ao assumir o cargo, já que contava com um cadastro prévio na Secretaria.
Após três meses, o serviço de inteligência finalmente reuniu provas suficientes para prendê-lo. Sampaio foi preso na própria sala que ocupava na Secretaria de Segurança e passou dois meses na prisão. Agora, enfrenta processos por falsa identidade e porte ilegal de arma, com a possibilidade de pegar até seis anos de prisão.
Ainda hoje, Sampaio lamenta que seu projeto de segurança não tenha sido implantado nos batalhões, mas justifica sua farsa com uma declaração: "Se você se portar como presidente e tiver representatividade, as pessoas acreditam. Eu poderia passar por presidente, mas você não."
A história de Carlos da Cruz Sampaio Júnior é um exemplo de como a confiança cega e a falta de verificações rigorosas podem abrir brechas perigosas no sistema. Sua capacidade de manipular a situação, conquistando posições de alta relevância sem a qualificação mínima necessária, revela um sistema vulnerável que pode ser facilmente explorado por quem sabe como se portar, apresentar e "vender" sua imagem.
A ascensão de Sampaio a uma posição de poder, sem sequer ter formação acadêmica militar ou experiência real no campo, expôs um grave problema nas estruturas hierárquicas das forças de segurança e na forma como os currículos e documentos são verificados. Com um simples programa de edição de imagens e muita audácia, ele conseguiu forjar uma identidade falsa e operar dentro de uma das mais importantes secretarias do Rio de Janeiro.
Durante sua falsa carreira, Sampaio conseguiu coordenar operações reais e enganar não apenas seus colegas, mas também superiores hierárquicos. Ele participou de reuniões estratégicas, organizou o patrulhamento de ruas e até acompanhou operações de alto risco, como a que resultou na prisão de traficantes em um hotel em São Conrado, Zona Sul do Rio. Nessas ocasiões, ele estava completamente integrado, utilizando colete e se movimentando na linha de frente como um verdadeiro oficial.
O mais intrigante de toda essa trajetória é que Sampaio foi capaz de se movimentar pelos bastidores da segurança pública por meses sem levantar grandes suspeitas. Sua habilidade em estudar e se preparar por conta própria, analisando manuais de segurança e criando suas próprias teorias operacionais, o transformou em um profissional de fato, ainda que sem as devidas credenciais. Isso levanta questões sobre a qualidade do preparo de alguns oficiais que, diferentemente dele, passaram pelos caminhos formais, mas talvez não apresentem o mesmo nível de dedicação e entendimento prático das operações de segurança.
Sampaio, em suas próprias palavras, acreditava que a forma como você se apresenta e o conteúdo que você entrega são o que realmente importam. Sua filosofia de "se você se portar como alguém importante, as pessoas vão acreditar" funcionou por um tempo surpreendentemente longo, até que erros administrativos e uma investigação mais detalhada puseram fim à farsa.
Embora a prisão de Carlos da Cruz Sampaio Júnior tenha sido uma vitória para a justiça, sua história deixa um alerta: sistemas frágeis podem ser explorados, e o carisma e a ousadia, aliados à falta de fiscalização adequada, podem transformar qualquer um, mesmo os que não têm preparo, em líderes de áreas estratégicas. Afinal, quantos outros "coronéis falsos" podem estar operando nas sombras, sem serem detectados?
Se bem que pensando atentamente existem coronéis e outros tantos oficiais que são verdadeiros por formação, mas na verdade são falsos porque estão ali nas instituições como plantas simbólicas só esperando chegar o fim do mês para agarrar com força aquele belo e gordo salário que nós os contribuintes pagamos a eles, que me desculpem os honrosos bons funcionários que sabemos sim existem e dão conta do recado certamente.
Esse Carlos da Cruz Sampaio Júnior foi um dos maiores exemplos de como é possível manipular e enganar até as instituições mais rigorosas, quando se tem autoconfiança e a capacidade de criar uma imagem de autoridade. Sem nunca ter cursado a academia militar, Sampaio conseguiu chegar a um dos cargos mais respeitados da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, passando-se por coronel do Exército. O mais surpreendente? Ele conseguiu não apenas convencer seus superiores, mas também comandar operações e realizar treinamentos com outros policiais, sem que ninguém desconfiasse de sua falsa identidade.
Tudo começou com um sonho de infância que ele nunca conseguiu realizar: ser militar. Depois de não passar nos testes para a academia militar, Sampaio encontrou outros caminhos. Através de cargos administrativos, ele foi ganhando experiência e, mais importante, criou a habilidade de se infiltrar em ambientes de segurança. Com uma postura impecável e um currículo completamente fabricado, ele desenvolveu um sistema para o patrulhamento das ruas que parecia tão eficiente que ninguém ousava questionar suas credenciais.
Em sua trajetória, ele foi subindo de patente de forma improvisada, passando de major para tenente-coronel e, por fim, para coronel. A partir de então, foi convidado para palestrar em batalhões, treinar policiais e até planejar operações armadas. Seu currículo fictício mencionava experiências na Amazônia, no comando de batalhões e até mesmo na guarda presidencial. Tudo uma farsa, meticulosamente construída.
O que intriga é como o sistema falhou em identificar tantos erros, como uma falsa carteira militar, editada por ele mesmo, com falhas grotescas que qualquer especialista teria notado. No entanto, a confiança que Sampaio inspirava era tão grande que ninguém sequer pediu a documentação adequada no momento de sua contratação. Para ele, o segredo de seu sucesso era simples: "Se você souber se colocar, todos acreditarão."
Este caso levanta questões alarmantes sobre a fragilidade de sistemas que deveriam ser à prova de fraudes, mostrando que, quando alguém domina a arte de parecer confiável, é possível enganar até os mais preparados. É um exemplo claro de como as aparências, quando bem executadas, podem abrir portas inimagináveis.
Assista aqui o vídeo e relembre bem o caso:
Fernando Almeida
Blog de Informações Policiais do Brasil
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