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As facetas do coronel pedófilo acusado de estupro: Católico fervoroso, sem prestígio na PM e com gos


Um oficial sem grande expressão na Polícia Militar do Rio, católico fervoroso, que se vendia como um grande benfeitor, demonstrava gostar dos holofotes e sempre flertou com a política.

Assim o coronel reformado Pedro Chavarry Duarte, de 63 anos, é definido por aqueles que o conhecem.

Nos anos 90, ele teve a reputação manchada por acusações de tráfico de crianças, maus tratos e envolvimento com o jogo do bicho, das quais acabou conseguindo se livrar.

Há uma semana, a biografia do oficial ganhou mais um capítulo: ele foi preso em flagrante, acusado de estupro de vulnerável e corrupção ativa.

Desde o último escândalo, emergiram as contradições no perfil de Chavarry.

O assistencialismo, apontam as investigações da Polícia Civil, era usado pelo oficial para ganhar a confiança dos moradores de comunidades carentes. Assim, aproximava-se dessas famílias.

Uma das mulheres que prestou depoimento na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) contou que deu um dos filhos para o coronel apadrinhar e permitia que as crianças ficassem com ele. Uma delas, relata, nunca mais voltou para a casa da família.

— Nós tínhamos confiança plena nele. Estamos em choque — relata outra mãe.

Chavarry entrou na PM em dezembro de 1976, após um ano de Curso Preparatório para a Escola de Oficiais, no qual passou em terceiro lugar, e outros três anos de curso de formação, em regime rigorosíssimo.

— Era um garoto normal, só meio crianção. Sofria muito bullying porque era pequeno, bochechudo e rechonchudo — relembra um oficial que foi da mesma turma que ele.

Chavarry nunca teve um cargo de prestígio na PM. É apontado pelos colegas como um oficial “sem brilho” e sem perfil operacional.

No início dos anos 80, ele era comandante do Posto Policial da Rodoviária Novo Rio. Uma década depois, foi coordenador de policiamento comunitário da área do 14º BPM (Bangu).

Terceiro mandato na Caixa Beneficente

Foi no cargo de presidente da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que assumiu no fim de 2010, que Chavarry buscou algum prestígio na corporação.

Ele já estava em seu terceiro mandato. Com gosto pelos holofotes, o oficial fazia questão de documentar todos os seus passos. O policial também tentou se eleger vereador, em 1988, e deputado federal, em 2014.

— Ele sempre gostou muito de ser fotografado e tinha um fotógrafo que andava com ele. Quando acontecia uma solenidade, gostava de ficar perto das autoridades para sair nos retratos.

Apesar desse jeito, ele é muito inteligente e falante. Estamos abismados — relatou o coronel Edson Gomes Moreira, vice-provedor da Irmandade de Nossa Senhora das Dores da PM.

Chavarry frequentava as missas às terças-feiras, no Quartel-General da polícia, no Centro do Rio.

Há dúvidas, no entanto, de que na administração da Caixa Beneficente ele tivesse apenas práticas ortodoxas.

O Ministério Público recebeu denúncia de que Chavarry desviou verbas públicas e abriu empresas em nome de laranjas. O procedimento será encaminhado a uma promotoria que vai avaliar se cabe abrir inquérito.

Da prisão à investigação:

Sem informação

A família do coronel não foi localizada pelo EXTRA. No prédio onde moram, na Barra da Tijuca, os parentes não foram mais vistos desde a prisão de Chavarry. O advogado do oficial não retornou as ligações.

Suspeitos

Pedro Chavarry foi preso em flagrante, na noite do último dia 10, com uma criança de 2 anos, nua, em seu carro. Dois dias depois, Thuanne dos Santos Pimenta foi presa, suspeita de ter levado a menina ao oficial.

Problemas

A situação do coronel pode se complicar mais. A Polícia Civil vai investigar denúncia de que o coronel dava notas de valores seis vezes maior do que o pago para faxineiras que trabalhavam na Caixa Beneficente e no Mercadão das Fraldas, em Vaz Lobo.

Desvios

As informações sobre o estabelecimento também podem trazer mais problemas para Chavarry. Como o jornal “O Globo” publicou neste sábado, o mercadão é nome fantasia de duas empresas com CNPJs diferentes, mas o mesmo endereço: um imóvel da própria Caixa Beneficente. Uma delas está em nome de parentes do coronel.

O mercadão tem convênio com a Caixa Beneficente.

Postado por: Fernando Almeida

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