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"POLICIAIS MORTOS PELO SISTEMA" Só no Rio de Janeiro a PM concedeu 1.398 licenças psiqui


"A MINHA OPINIÃO DOA A QUEM DOER"

Eis as razões de a maioria dos jovens estarem a procura de outro emprego para fugir das polícias militares. Esta acabando o sentido aquela velha frase onde diz " Eu nasci para ser polícia" Pois quando o cara entra para as corporações, ou morre da depressão por perseguições diversas de superiores, pela injustiça de uma sociedade falida, ou morre em combate nas mãos de qualquer bandido pé de chinelo. O policial militar esta mais para a condição de "Se correr ou o bicho pega, se ficar o bicho come".

O policial militar estará sempre na berlinda de qualquer um que queiram bater nele, é desamparado, despreparado, mal pago, não é reconhecido por nada além de quando realizar um ato heroico que será reconhecido apenas naquela ocasião, humilhado, escrachado, usado, ridiularizado, perseguido e no fim, morto pelo estado.

Muitos não vão gostar de minha explanação, eu digo muitos das próprias corporações, os meus colegas, os mesmos que eu defendo inclusive. Sei que existem ótimos oficiais e Praças mas existe uma minoria que não servem nem para "com todo o respeito por esta honrada classe" ser garis, pois entram para as corporações onde se acham "os reis" para destruírem vidas. E ainda tem Praça idiota que veneram certa parcela de Oficiais mal intencionados e perseguidores.

Obs: Quero deixar claro que defendo e enalteço sempre aos meus companheiros de luta, sejam Oficiais ou Praças, pois acho que eu seja talvez o único a defender diretamente em um Blog a minha classe, mas entendam como quiser.

lembrem-se eu sou amigo, do lado de vocês, e não do outro lado, quem quiser gostar que goste, quem não gostar que dane-se eu não tenho medo de ninguém se tiver dentro dos meus direitos de cidadão comum e de um defensor daqueles que não podem falar nada porque são escravos de um sistema falido, de um regulamento podre e injusto.

Não venham com essa conversa de que hoje as PMs mudaram, que os tempos são outros porque não é mesmo, apenas mudaram para a melhor as táticas de perseguições, injustiças e descalabros. A perseguição por parte de superiores, e a babação de ovos por parte de Praças desprovidos de amor próprio nunca vão se acabar enquanto não houver uma radical mudança do sistema.

Muitos Praças não gostam de mim, porque sou amigo de Oficiais e os trato como seres humanos normais, como homens e não como eles tratam onde se chegarem a tirar uma fotografia dos ovos deles lá estará o Praça puxa-sacos pendurado e agarrado com muita força.

Eu tenho amor próprio, não fico me arreganhando para Oficial nenhum porque eles só são melhores do que qualquer um no bolso, somos todos iguais perante a Deus, entendem ou querem que eu desenhe ???

E é por isso que muita coisa esta errada dentro das corporações que a comunidade, esta sociedade, os cidadãos civis nem imaginam que acontecem.

Onde acaba sobrando sempre para quem ??? Para os Praças especialmente os Soldados que são a linha de frente destas instituições. Coitados dos Praças que não são ligados a nenhuma associação, estes mesmos estão a mercê de qualquer coisa errada contra eles.

Fernando Almeida

Segue a matéria do Extra.

Tudo começou com um mal-estar. Depois, a batida acelerada do coração se tornou algo frequente na vida do policial militar José (nome fictício). Veio ainda uma dor de cabeça crônica.

Uma sensação de desespero o atormentava, “uma vontade de desistir de tudo”. E o medo de morrer nunca mais o abandonou. José viveu um drama silencioso durante anos.

Com uma década de vida militar, não tinha coragem para pedir ajuda. Aprendeu, no curso de formação de praças, que um policial deve suportar tudo.

Contra sua vontade, foi encaminhado por um médico do Hospital Central da PM para o setor de psiquiatria. Resistiu até o dia em que seu próprio comandante atendeu ao pedido da equipe médica.

Foram sete meses em tratamento, com consultas frequentes a um psicólogo militar, tomando remédios para depressão e controle de agressividade, como Rivotril e Donarem. Há um ano, José voltou ao trabalho, mas em funções administrativas. Foi proibido de portar arma e, por isso, perdeu sua segunda renda, os “bicos” que fazia como segurança.

— Perdi a conta de quantos colegas foram mortos em serviço e de quantas vezes fui desrespeitado. Numa blitz na Ilha do Governador, abordei educadamente um motorista que dirigia um carro com placa sem lacre. Era um desembargador. Nunca fui tão maltratado — recorda. — Relutei em aceitar ajuda. Ouço piadas dos meus colegas até hoje, alguns pensam que armei essa situação para não trabalhar. O pior de tudo é saber que a sociedade não gosta de mim.

ESTRESSE E DEPRESSÃO

Pressionados pelo papel institucional e consumidos pelo medo de serem vistos pelos colegas de farda como loucos ou encostados, policiais militares do estado sofrem hoje de um mal silencioso que, só no ano passado, foi responsável por 1.398 licenças psiquiátricas.

O estresse e a depressão estão entre as principais causas de afastamento do serviço nos quartéis do estado. Dados do Núcleo Central de Psicologia (Nucepsi) da PM revelam que, em 2016, foram 20 mil atendimentos psicológicos para um universo de 2.296 pacientes, sendo 46% da ativa (o serviço atende também inativos, familiares e outros profissionais da corporação). Segundo o chefe do Nucepsi, o tenente-coronel Fernando Derenusson, entre as principais causas do problema, estão questões estruturais, como a própria formação dos oficiais:

— Eles entram para a academia muito novos e aprendem que devem suportar e vencer tudo. Respeitam hierarquia e disciplina. Os oficiais aprendem que a polícia não pode recuar, e vão passar esse sentimento para os praças. Por isso, é tão difícil para eles aceitarem ou reconhecerem que precisam de ajuda.

De acordo com o psicólogo, a falta de reconhecimento também é uma dor comum à tropa:

— Ele se sente dando a vida por alguém que não o reconhece. O policial se expõe ao perigo extremo e não sente retorno. Essa conta dentro dele não fecha, está muito desigual.

Um estudo feito sobre 430 licenças psiquiátricas realizadas no ano passado revelou que, em 40% dos casos, os policiais tinham, no máximo, cinco anos de serviço. Por trabalharem em áreas de conflito social e sofrerem hostilidade por parte dos moradores, PMs de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) são, proporcionalmente, os que mais apresentam problemas de estresse.

Quando entrou na corporação, em 2002, o chefe do Nucepsi atendia mais familiares de militares do que os próprios policiais. Isso se inverteu nos últimos anos. Segundo Derenusson, “a crise econômica do estado potencializou todos os problemas”.

A incerteza quanto ao futuro, diante da possibilidade de aumento do tempo de serviço necessário para que os policiais se aposentem, desequilibra ainda mais o estado emocional da tropa. No momento, são 98 psicólogos espalhados pelo estado. Eles atuam em 32 batalhões, dois hospitais (Rio de Janeiro e Niterói) e quatro policlínicas, trabalhando para 47 mil policiais na ativa — fora aposentados e familiares. Para piorar, a corporação conta com apenas quatro psiquiatras.

— Muitos procuram um psicólogo particular, não só por vergonha dos colegas e superiores, mas também porque não há atendimento para todo mundo — afirma um PM de um batalhão especial. — Só os policiais sabem a realidade que vivemos. Trabalhamos em escalas desumanas. Comemos em lugares onde ninguém come. Não temos um hospital digno. Somos perseguidos se pedimos ajuda e cobrados como se estivéssemos recebendo o melhor salário do mundo. É muita hipocrisia.

A preocupação com o problema da depressão da tropa levou a corporação a fazer um convênio com o Laboratório de Análise da Violência da Uerj. De acordo com o Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), que reúne pesquisadores da universidade e representantes da PM, dez policiais do estado cometeram suicídio no ano passado. De acordo com a socióloga e pesquisadora do GEPeSP, Fernanda Cruz, embora não seja possível apontar um único motivo para o problema, a crise institucional da corporação, atrelada ao estresse e à violência diária, deixam os trabalhadores mais vulneráveis a atos extremos.

— Não acreditamos em um único fator. O suicídio dentro da PM do Rio tem várias causas. Policiais que se separaram, estão sem receber, mataram alguém, têm problemas familiares... Mas existe uma grande dimensão institucional no suicídio do policial do Rio — afirma Fernanda, que entrevistou, com os pesquisadores, 224 policiais: 22 deles já haviam tentado tirar a própria vida e outros 50 pensaram em se matar.

De acordo com Fernanda, o número de psicólogos e psiquiatras na corporação é insuficiente para atender os 47 mil policiais da ativa:

— Quando atuamos dentro da corporação, falamos que os policiais podem procurar serviços psicológicos no seu próprio batalhão, em outro ou até em clínicas sociais. Muitos deles não o fazem devido ao estigma social. Mas o serviço não é suficiente para dar conta da demanda. No Rio, por exemplo, não se tem um atendimento para acompanhar o PM depois de situações estressantes e que envolvam perda, morte, ou disparo de arma de fogo. Um dia após perder um amigo na sua frente, o policial já é obrigado a trabalhar.

CORPORAÇÃO TENTA REAGIR

Preocupada com o alto número de policiais assassinados este ano — foram 17 até o momento —, a PM vai intensificar o Programa Permanente de Capacitação Continuada (PPCC) em cinco batalhões, que estão entre os dez com maior taxa de letalidade: Alcântara (7º BPM), Niterói (12º BPM), Caxias (15º BPM), Irajá (41º BPM) e Méier (3° BPM).

O objetivo do programa é ajudar o policial a tomar a melhor decisão em momentos de perigo. O PPCC tem duração de quatro semanas e conta com a utilização do Estande de Tiros e Tomada de Decisão Virtual. A ideia é aperfeiçoar especialmente o tiro de defesa em situação de ameaça.

Além disso, a PM tem o Serviço de Atenção à Saúde do Policial, que desenvolve um programa voltado à prevenção em saúde da tropa ativa, com objetivo de avaliar a situação médica, nutricional e psicológica dos policiais a cada três anos. Por dia, em média, os psicólogos atendem 80 policiais. Hoje a corporação realiza o Fórum de Policiais Mortos e Feridos no estado, no qual será debatida a situação de suas famílias. Também serão revelados dados sobre a situação da saúde mental da tropa.

Ao mesmo tempo em que vive sob crescente ameaça, com alto nível de tensão e o medo constante de ser assassinado a serviço ou durante a folga, o policial fluminense trabalha como nunca. Para se ter uma ideia, foram 371 fuzis apreendidos em 2016, número recorde. Para muitos, o sonho de ser policial foi trocado pelo de devolver a farda.

— Estou estudando, quero prestar outro concurso público — afirma o policial José. — A gente se sente abandonado pela sociedade.

Postado por: Fernando Almeida

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